Desde a antiguidade já se conhecia o fenômeno da produção de imagens pela passagem da luz através de um pequeno orifício. Por volta do século XVI, a câmera escura facilitava o trabalho de artistas e cientistas na produção de imagens. John Dollond, ótico inglês, em 1757, construiu as primeiras lentes para telescópio que foram adaptáveis à câmera escura. Tal adaptação melhorou muito a qualidade das imagens desenhadas; no entanto, o maior desejo dos pesquisadores era a autogravação das imagens.
A descoberta dos efeitos do sol nos sais de prata permitiu aos cientistas observar o escurecimento do papel mas, ainda faltava descobrir uma maneira de interromper esse processo e fixar a imagem.
Foi só no século XIX que o francês Joseph Nicéphore Niépce, utilizando cloreto de prata sobre o papel e betume-da-judeia, conseguiu após 8 horas de exposição, fixar uma imagem em uma placa metálica. Esta imagem, que está conservada até hoje, foi tirada da janela de sua casa no verão de 1826 e é considerada a primeira fotografia conseguida no mundo. A esse processo, Niépce deu o nome de Heliografia (escrita do sol).
Paralelo aos estudos de Niépce, um outro francês desenvolvia efeitos visuais para espetáculos, Louis-Jacques Mandé Daguerre. Seu invento chamado de Diorama combinava efeitos de luz e pinturas panorâmicas dando a sensação de movimento.
Nicépe e Daguerre começaram a trocar correspondências. Após a morte de Nicépe, Daguerre, em 1829, desenvolve um processo que consistia numa placa de ouro e prata, exposta em vapores de iodo, desta maneira, formava uma camada de iodeto de prata sobre si. Quando numa câmara escura e exposta à luz, a placa era revelada em vapor de mercúrio aquecido, este aderia onde havia a incidência da luz mostrando as imagens. Estas, eram fixadas por uma solução de tiossulfato de sódio. Esse processo ficou conhecido por daguerreotipo e, embora não permitisse cópias o sistema, se popularizou devido a qualidade da imagem e ao reduzido tempo de exposição. Esse popularização deu origem as especulações sobre o fim da pintura e inspirou o surgimento do movimento que ficaria conhecido como Impressionismo.
Em paralelo as descobertas de Nicépe e Daguerre, outro francês, mas desta vez radicado no Brasil, começa suas pesquisas na área de impressão. Antoine Hercule Romuald Florence que chegou ao Brasil em 1824, inventa seu próprio meio de impressão a Polygrafie ou Polygraphia, sistema de impressão de todas as cores primarias. Impressão semelhante a de um mimeógrafo. Florence gosta da ideia de procurar novos meios de reprodução e descobre isoladamente um processo de gravação através da luz, que batizou de Fotografia em agosto de 1832, ou seja três anos antes de Daguerre.
Habilidoso, mas solitário, no ano de 1833, inventou uma câmera fotográfica rudimentar. Utilizou uma chapa de vidro em uma câmera escura, cuja imagem era passada por contato para um papel sensibilizado, descobrindo isoladamente a fotografia no Brasil. Quando Florence soube da pesquisa realizada, na França por Daguerre, abandona suas pesquisas.
Trabalhou sem descanso no processo de fixação de imagens através da luz solar. Suas anotações e pesquisas são elementos relevantes para nos levar a crer que ele antecedeu Daguerre na invenção da fotografia. A anotação em seu diário é bem clara:
“A fotografia é a maravilha do século. Eu também já havia estabelecido os fundamentos, previsto esta arte em sua plenitude. Realizei-a antes do processo de Daguèrre, mas trabalhei no exílio. Imprimi por meio do sol sete anos antes de se falar em fotografia. Já tinha lhe dado este nome; entretanto, a Daguèrre todas as honras.”
Hoje, com acerto, Hercules Florence é reconhecido como o pai da fotografia. Florence morreu em Campinas, em 27/03/1879.
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| Primeira fotografia tirada por Niépce |

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